Ao olhar um professor em sala de aula, o que podemos ver?

A formação continuada de professores é uma das muitas tarefas de uma coordenadora pedagógica, inclusive um instrumento central no sentido de garantir excelência na aprendizagem.

Acompanhar, refletir e propor sobre o manejo em sala de aula, os materiais didáticos, o currículo e as possibilidades de intervenção pedagógica com alunos típicos ou em situação de inclusão, ocupa boa parte de nossas supervisões individuais e coletivas.

Assistir a uma aula, ao vivo e a cores, ou mesmo em vídeo, nos dá acesso a diferentes dimensões das práticas pedagógicas. Podemos observar como os estudantes se engajam ou não, algumas provocações e proteções entre colegas ou com professores, quais perguntas convocam para repetição ou ampliação de conceitos e definições, os desempenhos dos alunos diante de recursos analógicos ou digitais, entre outros. 

É inegável que assistir aulas é uma ótima ferramenta para formação, mas como transcender seu uso enquanto controle de qualidade ou verificação de desempenho profissional? Como fazer desse momento, um ativador de aprendizagem nas ciências didáticas?

Um aspecto que tenho dado especial atenção, talvez pouco discutido e muito revelador, é: como os erros são abordados durante a aula. São postos em pauta ou corrigidos, aparecem na lousa ou são apagados, são ressignificados ou passados a limpo? 

Quando cito a questão do erro, considero que podemos aprender mais com um erro do que com um acerto. Um erro é indício de uma hipótese e estrutura cognitiva que só avançará através de uma aprendizagem significativa. Não quero me aprofundar na questão, mas respostas corretas não indicam, necessariamente, uma aprendizagem assimilada.

 Quando falo em notar os erros, não estou focada apenas nos cometidos pelos alunos e como o professor lida com eles. Enquanto gestora, estou notando, também, como o professor lida com os próprios erros. 

Se você estava me lendo até aqui, pensando apenas sobre os alunos, meu convite está em pensar nos professores como “estudantes de Pedagogia”, visto que especialistas com licenciatura, por exemplo, têm menos oportunidades para aprofundamentos pedagógicos.

Se a questão do erro é chão para discussão da aprendizagem das alunas e alunos, como fazer do erro, um objeto de aprendizagem para o professor? 

É preciso lembrar que somos todos pensantes e aprendentes, com hipóteses sobre as quais nos erguemos, com estruturas antigas para as quais tendemos, diante de um desconforto como o de uma chefe estar assistindo sua aula.

Por isso, para além da boa convivência escolar, cultivada na base do respeito, confiança e espírito de equipe, foi transformador quando, ao combinar de assistir uma aula, anunciei meus objetivos didáticos e pedi aos professores que me contassem algo sobre o que eles gostariam que fosse olhado, escutado, pensado, respondido.

Quando considerei o erro do professor não só um lapso pessoal, mas um desafio para a equipe escolar, assistir às aulas ganhou outra força, motriz para o trabalho em equipe, nutritiva para melhora da docência e minimizadora do risco de que as aulas assistidas, estivessem pautadas apenas, numa performance mais medrosa ou exibicionista do professor.

E você, gestor, coordenador pedagógico ou orientador educacional, quais recursos costuma usar para provocar aprendizagens significativas nos seus professores e professoras? 

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Tarsila

Coordenadora Pedagógica e Educacional Ens. Fundamental e Ed. Infantil - Pedagoga Formada pela USP. Com grande domínio de atuação na  Coordenação Pedagógica e Orientação Educacional da Educação Infantil e Ensino Fundamental, conduz junto a equipe, o acompanhamento pedagógico, socioemocional, e disciplinar dos alunos.  Atuou recentemente como Orientadora Educacional no Colégio Pentágono e teve experiências como Professora no Colégio Porto Seguro, entre outros. Atualmente assessora equipes na coordenação do Currículo do Ensino fundamental Anos Iniciais e Finais.